Eu não tenho paciência para acompanhar religiosamente o diário do governo. Mas é impossível, vez ou outra, ao nos arrumarmos para sair, não olharmos distraidamente a televisão, o que torna impossível o alheamento de certas escatalogias na política e no seu arrabalde.
Sábado, um desse dias, tive uma dessas experiências. Mais do que a politiquice, a retórica, o conchavo e outras delícias que sustentam a brincadeira da mídia com o governo, há as campanhas-cinismo sem selo "Horário Eleitoral Gratuito". E alguns brinquedinhos deviam vir com advertisssement bem vísível. Todos estão a par disso. Aliás virou até macaquice, como atesta a colunas de um José Simão da vida.
Voltando: Sábado, dia em que a televisão faz programação especial para mortos-vivos, estava em um desses momentos de distração, quando meu olhos viraram dois espirais psicodélicos hipnotizados pela sensação de desconforto, para não dizer asco, com a cena que testemunhei: Amaury Jr. entrevistando Paulo Maluf.
Paul maluf vomitando todos os seus lamentos e reclamando os seus privilégios adquiridos de homem-bom da política; aliás repetindo o seu já roto discurso de obtusa personalidade política falida e indignada com o fato de ter sido tratado como um prisioneiro qualquer e convidado a partilhar da enfermearia junto a aidéticos no hospital de detenção de São Paulo (Pois que provasse do próprio veneno).
Amaury Jr., úmido de emoção e como sempre, falando como se estivesse com um considerável e pontiuagudo objeto na boca(não necessariamente cortante), fazia considerações sobre decoração, e de como o "Dr. Paulo Maluf, figura pública de respeito, passava seu momento de 'recuperação' junto à família, descansando no gazebo de sua casa de Morumbi" . Pérolas do roteiro de perguntas e observações de Amaury:
- Sobre o Dasein malufista.
-A trajetória de Maluf (sabão omo)
-Aos malufistas: "ame-o ou deixei-o"
Em pleno sábado não existiu nada pior do que ter assistido o aluguel de tempo no programa do Amaury Jr (exclusividade de fofoca para ele) e ver essa porrinha política sendo jogada "no gazebo da casa de Morumbi" enquanto os dois esperavam o chrurrasco de javalí ficar pronto.
Mesmo que o "lado humano" de Paulo Maluf lamentasse durante toda a entrevista o envolvimento de sua família em um circo armado pelo 4º poder e pela justiça, através de vozes trêmulas e do nó na garganta, em nenhum momento abandonava ou hesitava em fazer seus grandes discursos populistas de obras por ele já realizadas em comparação aos outros governos de São Paulo. Nenhum nó na garganta de Maluf conseguiu constringir as importunas lembranças sobre túneis problemáticos, enchentes e projeto "casa própria". Nenhum nó na garganta conseguiu fazer com que o uniforme de político fajuto ficasse dependurado atrás da porta.
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