4 de abril de 2006

My God: Lies!!!

Estava lendo a coluna 02 neurônios. Digamos assim: é uma revista feminina que fala tudo, desvenda, revela, desvela, fala o bê-à-bá do sexo, do relacionamento, etiqueta sexual, etiqueta de relações com os exs, pretês, namorados, maridos, amigos, amantes, parentes. Pausa. Assisti toda a série "Sex and the city", ainda hoje acho graça de algumas coisas; coisas comuns a todos nós, situações embaraçosas para eu, para você, para o fulano e o sicrano.

Com toda essa rede de revistas, sites de realacionamento, minisséries com público alvo, chegamos ao termo "mulheres super-poderosas". Garanto nem sempre aquelas coisas acontecem. Não dá para entender discursos que visam à uniformidade, à adesão irrestrita e solideriedade capenga. Senão desse vontade rir, essa idéia seria triste. Além de ser, é claro, uma grande mentira. Possuímos diversas complicações além das culturais, as de auto-afirmação enquanto fêmeas, quanto à beleza, a corrida imensa que é a disputa de leoas pelo posto de mulher do leão da montanha...Faz as pessoas traírem a si mesmas, traírem o pouco de sanidade, o resto de bom-senso por tolices de fotonovela. E desastre em cima desastre vai corroborando num tsunami de problemas...Por favor, sem crimes passionais, já passou da hora de fazer loucuras por causa do meu bem.

Não entendo que as mulheres tenham que possuir sites de pergunta e resposta para saberem o que e como fazer sexo casual (como se deve agir quando "ele" fazendo "isso" ou "assado"), por que sexo causal se FAZ e não se ENSINA, só quem é casual nas relações pode conhecer QUANDO e ONDE uma relação é profunda e sabe QUANDO deve ser causal.

E olha, os homens sabem isso direitinho quando têm medo de perder, eles sabem extamente onde lhes torce o pepino. E por que se precisa de atestados para dizer o que verdadeiramente se é ou se deixa de ser? Por que se quer criar próteses de identidade para formalizar relações e comportamentos?

Sei que o tom da revista de incluir sempre o pronome "nós" (incomodativo) é uma forma de criar uma maior aderência. E se esse "nós, as mulheres" de repente virar um "vocês, as meninas", pois existem mulheres...e existem as meninas, e existem as que não possuem classificação. Adentrar nessa necessidade faz parte da mentiras que se contam para si mesmo, pequenas farsas para não assumirmos que estamos completamente à deriva e o capitão já largou o leme há muito. Qual é o medo? Tudo bem, o mundo não é feito de artistas, mas porque simplesmente não viver e alucinar de verdade a própria realidade? Por que fingir pequenas loucuras em um pequeno palco para uma platéia de ninguém?

Textos divertidos? Não há diversão na histeria, não há diversão na infelicidade que é tombar diante de tudo que já se foi feito até hoje contra o determinismo biológico ou social. Toda emissão de juízo de valor necessita de uma generalização, do grito da multidão. Disso eu não gosto. Para mim isso sempre foi pensar "mulherzinha". Sempre entendi que mulher poderosa é aquela que pensa com autonomia. Que não precisa de sites de relacionamentos para afirmar o que é. Que sabem muito do que já se conquistou para andarem para trás que nem caranguejo. E isso ninguém ensina. Nesse caso a regra de comportamentos está suspensa. Quanta coisa já se teria perdido caso praticássemos algumas coisas que as moças entendem como regra.

E das coisas que as moças falam, de suas experiências pessoais...acho divertido, mas realmente, é algo muito distante de ações, no sentido de ser "ativa", e não simplesmente um receptáculo de circunstâncias. Caretice? Caretice é pensar igual. Sabe o que irrita? É o "tu és mulher, tu sabes disso". Eu sei exatamente o que? As mulheres eram as detentoras do mistério? Eu não sei.

Gosto de roupa de garoto, por isso sou sapatão? Por isso não sou feminina?Sempre gostei de conversar com os homens, por que eles nunca viravam pra mim e falavam "Bem, mas tus sabes do que eu estou falando..." de repente com eles não havia uma distinção mais aparente a ponto de se considerar que eu pudesse estar completamente apartada (ou completamente identificada) da experiência deles por conta do gênero, não fazia sentido a demanda.

Era o contrário: se rebatesse com razão algumas coisas que falavam, certas coisas que são proveninetes de uma educação maternal demais, que não permite autonomia REAL aos homens, sempre falei; sempre escutaram sem condescendência. Alguns não ouviam ou tiravam sarro e também generalizavam, simplificando tudo em uma palavra: feminista. Esses a gente olha de canto de olho. Os outros, os que não aderiam por condescendência ou cumplicidade (pois não se pode esperar alguma coisa que se preste vinda daí), eram os melhores ouvintes, os opinadores mais implacáveis, ferozes contra qualquer tipo de sensacionalismo histérico.

Neste momento, eu não estava aprendendo a ser mulher é claro, mas aprendendo como a maioria dos homens pensa. Poucos escapam. Poucas escapam. E ninguém está a salvo. Nem eu.

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