19 de dezembro de 2007

o bom filho

Control
Foi uma longa espera. Nem mesmo a falada “Touch from a distance”, biografia de Ian Curtis, matou a sede. Afinal o hiato entre essa publicação e a elaboração do filme foi grande. Eis que em uma tarde dessas, na rotina moura de trabalho para fazer, recebo a notícia que o control estava na internet. Para não dormir, devido ao cansaço, assisti “Control” sentada (nunca faço isso).
A fotografia de Corbjin ajuda na sensação de sonolência: o preto e branco impiedoso, agravando os traços e as sombras; quase pintura. A trama já está mais do que sabida, mas o ator que faz o papel de Curtis é de uma minúcia fantástica. Não vamos esperar um alcance divino de todas as nuances da vida do morto, mas é espantosa a atuação.Dizem que alguns atores são amaldiçoados pelos papéis que fazem bem. Acho que é esse o caso. Dificilmente alguém olhará para Sam Riley sem se remeter a Ian Curtis, mil desculpas.

A outra personagem brilhosa da trama é a cidade de Manchester, que por si só dá uma boa história para fãs, mas entedia a todos que não conhecem sua importância. Curtis tem seu lado pop, assim como teve um história excêntrica: trabalhar com pessoas desajustadas em um centro de reabilitação social não é nada glamouroso. Mas traz a exata idéia de que naquele momento, rock’ n’ roll se fazia na unha e no suor ( e na cara de abandono). Ali, bandas e um pequeno cenário conseguem ter força para ramificar uma das tendências do punk e do rock: surge o Joy Division, a Certain Ratio, The Fall.
Quanto ao filme, à narrativa em si é coesa e simples. Não é um filme bem-humorado como “24 hours party people”, é filme quase documental, diria até mesmo…pedagógico. Mas o fabuloso trabalho de fotografia e a sonoridade estupidificam os mortais com menos de 30 anos, aposto.
Eu não tinha um bom motivo para voltar a escrever aqui. Muito ao contrário. Continuo no lápis e no borrachão mercury. Sem nenhuma vontade de trancrever as coisas que já escrevi no papel . Mas eu assisti o filme e a coragem do personagem Ian Curtis, a vibração de
quem quer fazer aquilo. que quer de qualquer jeito, mesmo que não seja do jeito certo,mesmo que o “presente esteja fora de controle”, mesmo que não se saiba o que acontecerá, essa urgência, me animou.
Fico contente de ter assistido e principalmente de não ter que esperar uns bons dois anos para o filme chegar aqui na roça.
E volto a escrever aqui, como estarei sempre escrevendo por aí, ou em outro lugar.

Um comentário:

Unknown disse...

Cheguei ao seu blog através do seu LastFM.
Estou fissurado em vasculhar os arquivos, mas tenho pouco tempo. é angustiante! rs aos poucos vou digerindo... espero.

Gostei muito do texto sobre o Control, embora poderia ter aprofundado bem mais (acredito que aprofundar-se não era o propósito mesmo. Afinal, falar sobre ele renderia longas conversas e linhas).

Bom, é isso, parabéns!