22 de janeiro de 2009

A natureza das coisas é artifício.

Você descansa à tarde. Descansa na varanda de sua casa, no sofá, tirando um cochilo, na hora do trabalho, abaixando a cabeça entre os braços na frente do computador. Descansa também quando alguém fala demais e não diz nada, por que você sabe que não precisa participar do falatório, trata-se de um monólogo em que você só precisa prestar atenção ou simplesmente dormir. Você escolhe a segunda opção por que é sábio e compreende que nada que seja importante, pode demorar mais de meia hora para ser dito. A tautologia é feita para o deleite da sua intimidade, não para que os outros a apreciem.

Agora você pode encostar o queixo na mão e balançar os pés; você pode se lembrar da ética das relações e você também pode lembrar que isso é uma mentira. Você pode se acostumar com o zunido de um ar condicionado, tanto quanto se acostuma com a presença de alguém ou da insistência em parecer importante enquanto fala.Você simplesmente não liga, mas abana a cabeça parecendo acompanhar. Você parece acompanhar por que a varanda à tarde existe e precisa existir para que se descanse, para que se tire um cochilo, para pensar em nada e observar os insetos.

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