10 de fevereiro de 2009

My Iron Lung (Heart)

The head shrinkers
They want everything
My uncle Bill
My
Belisha beacon
The head shrinkers
They want everything
My uncle Bill

My Belisha beacon

Você amanhece, os olhos atravessam as grades que protegem a janela, ou você, ou a casa, do mundo inteiro. No mesmo dia mais cedo, pôde caminhar até o que não podia, fora necessário parar por conta da fome e da tontura, para simplesmente poder olhar a grade da janela mais uma vez, nesse momento. Tão simples assim.

Todos os risos largados na mesa de um bar com o nome obliterável, assim como quase obliterados foram todos os mínimos fatos do mesmo dia (mais cedo). E você lembra apenas aquele que quase mudara o destino das águas: por acaso o seu psiquiatra também de férias na mesma cidade que você resolvera dar um alô. Quatrocentos bares-cafés e fora ali através dem uma janela embaçada que ele vira a sua silhueta e resolvera que devia cumprir obrigações sociais para com você.

Nesse momento, disseram adeus: rivotril, citalopram, benzodiazepínicos, estabilizantes… Quando a medicina entrava no terreno do recreio ela abandonava também o controle de qualquer “cura”. Ele ali parado, bonachão e simpático, enquanto aquela inocente caneca  de café nas mãos, fervendo e deixando o nós dos dedos brancos de tanto apertá-la, não fazia mais sentido  e você não sabia se devia devolver os cumprimentos do seu médico ou fechar a boca…você preferiu dar mais um gole no café e chamar o garçon e iniciar mais uma jornada sem fim através dos graus etílicos mais absurdos: gim, vodka, rum…tira-gosto com Sauza, sal e limão, e para hidratar, cerveja. Daí, antes de toda essa festa-monstro, convidara o doutorzinho para um trago, algo assim, que lhe faria se sentir destituído do cargo, da vida, da profissão, da esposa, da qualidade de vida, carreira de sucesso, gazebo, etc; convidara com calma e saboreando as palavras com a sabedoria adquirida nos anos de convivência com o  álcool: uma bebida pesada, doutor? Um gim puro? odeio gin-fizz, doutor, ele é o que Phill collins é para o pop, doutor: fraco, doce, comedido, medroso…doutor?

Nessa ordem, como fizera há anos atrás, anos sem que o seu médico tivesse a descabida intenção de misturar o terreno dos afetos, resultando daí a labiríntica crise de volta à bebida e às outras coisas que lhe auxiliriam continuar no dia seguinte com a jornada, uma dormida em um canto qualquer, em um quarto qualquer, os desconhecidos, as gargalhadas gratuitas, a carnéia…levantar-se (stand up!) era a duração da rotação da terra sobre si mesma, o tremor lhe fazia se arrastar para aquilo que deixasse tudo o mais próximo possível do “In Its right place”. Antes de enfrentar a total compreensão da família em adiantar os acontecidos da noite ou o dia passados longe, o que fizera…aquilo soara em ritmo, martelando, tornando a sua cabeça o último lugar habitável para qualquer pensamento coerente… Uma orquestração entre atonia e distonia,  palavras  e sons sincopados, suficientes para prostar um rinoceronte em fúria: toda a minha improvisação atonal.

Hes been hanging around for days.
Comes like a comet,
Suckered you but not your friends.
One day hell get to you,
Teach you how to be a holy cow.

Dont get my sympathy hanging out the 15th floor.
Youve changed the locks 3 times,
He still comes reeling through the door.
And soon hell get to you,
Teach you how to get to purest hell.

You do it to yourself you do
And thats what really hurts is
You do it to yourself just you,
You and no-one else
You do it to yourself.”

my iron lung

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