Michael Haneke fez "'Funny Games" em 1997, que foi traduzido no Brasil como "Violência Gratuita" retirando um pouco, já no título, o traço inerente ao filme (acabo de ler um arquivo de 1999 da Folha de São paulo que trata do mesmo assunto) e agregando um valor que pode ou não ser aceitável; por aqui por essas bandas acredito que tenha sido projetado no Centur em 1998/1999, não lembro mais. O que lembro é no final do filme a platéia ter se dividido em um divertido meio a meio: metade odiou e metade se sentiu impressionada.
Para um ilustre desconhecido diretor europeu, a resposta ao filme foi muito boa. O filme teve repercussão surpreendente, foi bem comentado, e a tendência ao juízo de valor inerente a toda platéia mediana mesmo em cine-clubes, tal como a tradução do título atesta, foi o termômetro que abriu caminho para "Código Desconhecido" que teve em dos papéis principais Juliette Binoche. Mas por conta de sua estrutura fragmentada aludindo um pouco a cartografia das diferenças culturais parisienses, talvez tenha feito com que o filme possuísse uma recepção mais restrita, por isso mesmo, mais exigente, aliadas à questões temáticas filosóficas e não puramente fílmicas.
Na mesma sala do Centur, alguns anos depois, em uma das feiras do livro que tinha como país convidado a França, podemos assistir ao "Professora de Piano", dessa vez com uma das atrizes européias preferidas de Claude Chabrol, Isabelle Hupert no papel de uma aparentemente bege professora de piano de um conservatório que vive um romance com um homem mais jovem. É justamente pela sua frieza e discrição extrema que o paladar exótico para o sexo contrasta e surpreende novamente a platéia desprevenida, que perde o ponto de apoio para compreender a complexidade da personagem de Isabelle Huppert.
Na última crítica que li feita por Inácio araújo, na mesma Folha de São Paulo, ele bem lembra o quanto os filmes de Haneke lembra os filmes de Cronemberg no quesito jogo de espelhos, em que as imagens se sobrepõe até não se achar mais seu teor "real"(discordo da palavra "Norma") e de artifício. Há muito o cinema se distancia da tentativa de manusear o espaço e projetar apenas a ficção na imagem, fiel ainda ao critério fotográfico enquanto o temático ou narrativo eram tidos como ferramentas. E quando se fala de temáticas vale lembrar que hoje dentro de toda a virtualização de relações e das invasões de camêras, como bem mesmo colocou I.A., para que o cidadão comum mantenha sua segurança, qualquer filmografia que misture possibilidades, abranja o máximo possível de sugestões narrativas, trabalhe o reverso histórico da temática da privacidade, tão cara à subjetividade dita burguesa, é no mínimo muito divertida. Haneke é um diretor lúdico tanto tecnicamente quanto narrativamente.
Passaram-se anos, e dessa vez, não assistirei os filmes de Haneke no Centur, hoje fechado para reformas, quem sabe talvez no Cine-Estação. Mas em primeira mão, "Caché"(2005) foi devidamente baixado pela internet, e será visto por mim na televisão. Se antes se esperava 2 anos para que um filme europeu chegasse por aqui, agora acompanho, pelo menos os premiados de Cannes do ano passado. Lado bom.
Para um ilustre desconhecido diretor europeu, a resposta ao filme foi muito boa. O filme teve repercussão surpreendente, foi bem comentado, e a tendência ao juízo de valor inerente a toda platéia mediana mesmo em cine-clubes, tal como a tradução do título atesta, foi o termômetro que abriu caminho para "Código Desconhecido" que teve em dos papéis principais Juliette Binoche. Mas por conta de sua estrutura fragmentada aludindo um pouco a cartografia das diferenças culturais parisienses, talvez tenha feito com que o filme possuísse uma recepção mais restrita, por isso mesmo, mais exigente, aliadas à questões temáticas filosóficas e não puramente fílmicas.
Na mesma sala do Centur, alguns anos depois, em uma das feiras do livro que tinha como país convidado a França, podemos assistir ao "Professora de Piano", dessa vez com uma das atrizes européias preferidas de Claude Chabrol, Isabelle Hupert no papel de uma aparentemente bege professora de piano de um conservatório que vive um romance com um homem mais jovem. É justamente pela sua frieza e discrição extrema que o paladar exótico para o sexo contrasta e surpreende novamente a platéia desprevenida, que perde o ponto de apoio para compreender a complexidade da personagem de Isabelle Huppert.
Na última crítica que li feita por Inácio araújo, na mesma Folha de São Paulo, ele bem lembra o quanto os filmes de Haneke lembra os filmes de Cronemberg no quesito jogo de espelhos, em que as imagens se sobrepõe até não se achar mais seu teor "real"(discordo da palavra "Norma") e de artifício. Há muito o cinema se distancia da tentativa de manusear o espaço e projetar apenas a ficção na imagem, fiel ainda ao critério fotográfico enquanto o temático ou narrativo eram tidos como ferramentas. E quando se fala de temáticas vale lembrar que hoje dentro de toda a virtualização de relações e das invasões de camêras, como bem mesmo colocou I.A., para que o cidadão comum mantenha sua segurança, qualquer filmografia que misture possibilidades, abranja o máximo possível de sugestões narrativas, trabalhe o reverso histórico da temática da privacidade, tão cara à subjetividade dita burguesa, é no mínimo muito divertida. Haneke é um diretor lúdico tanto tecnicamente quanto narrativamente.
Passaram-se anos, e dessa vez, não assistirei os filmes de Haneke no Centur, hoje fechado para reformas, quem sabe talvez no Cine-Estação. Mas em primeira mão, "Caché"(2005) foi devidamente baixado pela internet, e será visto por mim na televisão. Se antes se esperava 2 anos para que um filme europeu chegasse por aqui, agora acompanho, pelo menos os premiados de Cannes do ano passado. Lado bom.
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