5 de junho de 2006

Tudo está Iluminado

o colecionador à direita


Jonathan Stephen Froer é autor do livro "Uma vida iluminada", ainda não tive oportunidade lê-lo para saber se se trata de um BildungRoman ou se é meramente autobiográfico. Mas não quero me deter em aspectos literários do livro e sim comentar a adaptação por Liev Schreiber em que Jonathan é o personagem principal.
Trata-se de um personagem bem feito e como todos aqueles que possuem uma excentricidade, "interessante" é uma palavra que não retrataria bem o caráter de Jonathan (Elijah Wood). Este colecionador, se dedica desde a infância a recolher pedaços, mostras dos momentos contudentes de sua vida. Morte do avó e do avô, as lembranças de suas descobertas silenciosas quando criança, são os elementos de um imenso relicário que Jonathan erige para a sua família.
A trama é bem construída (com algumas escorregadelas de montagem e roteiro não comprometendo, no entanto, o todo). Um bom filme "on the road", em que a verdade das relações é conhecimento através da memória e da vivência, do que foi dado a Jonathan como legado subjetivo.
Pode ser uma temática bastante questionável ( e também matéria do filme) uma viagem de busca pela verdade de si, através do ato de colecionar, promover a permanência das lembranças, travar uma luta árdua contra o esquecimento. Existe aí, uma certa metafísica de demandas, de reconstituição de uma história particular absorvida pela idas e vindas do ser.
O esquecimento pode ser compreendido como uma grande metáfora da própria história dos judeus, do temor contra a obnubilação do holocausto, do desmembramento familiar pelo qual a maioria passou. Jonathan é o elemento de reconciliação e de reconstrução dessa história familiar, o investido de todas as qualidades para que a própria memória da família não desapareça. Palavras como "Augustine", "Trachimbrod" são de importância suprema ( e sintetizam também) para desfazer as lacunas históricas para Jonathan. Belas cenas, fotografia que prima pela textura e cor e montagem que lembra Guy Ritchie.

Nenhum comentário: