o amor às vezes pode ser uma lembrança fosca, esquecido no banco de trás de um táxi. Uma possibilidade que começa e termina no caminho de volta para casa. E continua o amor. Alcançá-lo é como viajar a 2046, onde todas as lembranças estão. Só não se sabe quando e onde a viagem termina. E já se esqueceu quando ela começou ...in the mood of love.
Bom às quintas.
18 de setembro de 2008
in the mood of love
Por Michelle Robert às 12:38 0 tratados
farejar Fina Flor
2 de setembro de 2008
Suicide Underground
Essa bela história, que fala do isolamento sofrido pelas irmãs Lisbon (e por que não de muitas garotas que já tiveram 13 anos um dia) devido ao superprotecionismo dos pais, e o conseqüente suicídio das garotas, já é um pouco traumatizante. Só não é mais por que existe uma boa direção que envolve o filme em uma atmosfera bem primaveril, suspirante, suave até.
No entanto toda a perspectiva da direção é seriamente abalada por conta da participação bombástica de uma personalidade na trilha sonora.
A música suicide underground, feita pela banda Air para o filme, é simplesmente apavorante. Na realidade parece que Michael Myers acordou muito pensativo nesse dia e eis que se sentindo sufocado pela máscara, e pelo mutismo religioso, resolveu dar um tempo na profissão de psycho boy e ter uma perspectiva mais ampla no horizonte, variar de ramo, agregar funções, sabe? E assim surgiu essa ponta de narrador oferecida pela banda Air. Que bom que o cara começou com o pé direito, já trabalhando em trilha sonora de filme cult… o que será daqui a mais 30 anos? Antes de tudo sugiro mudar o gênero do filme para “slash movies”.
Suicide Undergound
by Air
Everyone dated the demise of our neighborhood from the suicide of the Lisbon girls.
People saw their clairvoyance in the wiped-out elms and harsh sunlight.
Some thought the torture tearing the Lisbon girls pointed to a simple refusal to accept the world as it was handed down to them:
So full of flaws.
But the only thing we are certain of after all these years is the insufficiency of explanations.
“Obviously doctor, you’ve never been a thirteen year-old girl.”
The Lisbon girls were 13, Cecile, 14, Lux, 15, Bonnie, 16, Mary, and 17, Therese.
No one could understand how Mrs. Lisbon and Mr. Lisbon, a math teacher, had produced such beautiful creatures.
From that time one, the Lisbon house began to change.
Almost every day, and even when she wasn’t keeping an eye on Cecilia,
Lux would suntan on her towel wearing a swimsuit that caused the knife-sharpener to give her a 15-minute demonstration for free.
The only reliable boy who got to know Lux was Trip Fontaine
For only 18 months before the suicides had emerged from baby fat
To the delight of girls and mothers alike.
But few anticipated it would be so drastic.
The girls were pulled out of school, and Mrs. Lisbon shut the house for maximum security isolation.
The girls’ only contact to the outside world was through the catalogs
They ordered that started to fill the Lisbon’s mailbox with pictures of high-end fashions and brochures for exotic vacations.
Por Michelle Robert às 12:38 0 tratados
farejar Fear of the dark, susto
13 de agosto de 2008
Enquanto isso em Beijing
“Comer de bandeijão na vila olímpica é uma experência única. Essa é a minha Beijing”
Ass: Alvaro Garnero
(as olimpíadas são uma fonte eterna de piadas)
Por Michelle Robert às 01:56 0 tratados
farejar iconoclastia
19 de dezembro de 2007
o bom filho
Control
Foi uma longa espera. Nem mesmo a falada “Touch from a distance”, biografia de Ian Curtis, matou a sede. Afinal o hiato entre essa publicação e a elaboração do filme foi grande. Eis que em uma tarde dessas, na rotina moura de trabalho para fazer, recebo a notícia que o control estava na internet. Para não dormir, devido ao cansaço, assisti “Control” sentada (nunca faço isso).
A fotografia de Corbjin ajuda na sensação de sonolência: o preto e branco impiedoso, agravando os traços e as sombras; quase pintura. A trama já está mais do que sabida, mas o ator que faz o papel de Curtis é de uma minúcia fantástica. Não vamos esperar um alcance divino de todas as nuances da vida do morto, mas é espantosa a atuação.Dizem que alguns atores são amaldiçoados pelos papéis que fazem bem. Acho que é esse o caso. Dificilmente alguém olhará para Sam Riley sem se remeter a Ian Curtis, mil desculpas.
A outra personagem brilhosa da trama é a cidade de Manchester, que por si só dá uma boa história para fãs, mas entedia a todos que não conhecem sua importância. Curtis tem seu lado pop, assim como teve um história excêntrica: trabalhar com pessoas desajustadas em um centro de reabilitação social não é nada glamouroso. Mas traz a exata idéia de que naquele momento, rock’ n’ roll se fazia na unha e no suor ( e na cara de abandono). Ali, bandas e um pequeno cenário conseguem ter força para ramificar uma das tendências do punk e do rock: surge o Joy Division, a Certain Ratio, The Fall.
Quanto ao filme, à narrativa em si é coesa e simples. Não é um filme bem-humorado como “24 hours party people”, é filme quase documental, diria até mesmo…pedagógico. Mas o fabuloso trabalho de fotografia e a sonoridade estupidificam os mortais com menos de 30 anos, aposto.
Eu não tinha um bom motivo para voltar a escrever aqui. Muito ao contrário. Continuo no lápis e no borrachão mercury. Sem nenhuma vontade de trancrever as coisas que já escrevi no papel . Mas eu assisti o filme e a coragem do personagem Ian Curtis, a vibração de
quem quer fazer aquilo. que quer de qualquer jeito, mesmo que não seja do jeito certo,mesmo que o “presente esteja fora de controle”, mesmo que não se saiba o que acontecerá, essa urgência, me animou.
Fico contente de ter assistido e principalmente de não ter que esperar uns bons dois anos para o filme chegar aqui na roça.
E volto a escrever aqui, como estarei sempre escrevendo por aí, ou em outro lugar.
Por Michelle Robert às 12:38 1 tratados
farejar as coisas boas, Fina Flor
17 de fevereiro de 2007
Eita
Eu entendo agora por que existem pessoas que passam os cinco dias de carnaval socados dentro de um cyber jogando. Pena que eu não tenho disposição e nem preparo intelectual para isso. Admiro.
Por Michelle Robert às 11:23 2 tratados
30 de dezembro de 2006
Eu, você, todos nós.
Transformados os modos de percepção, desdobrados em algo que não alcançamos e muito menos podemos controlar, memória e e duração são colocadas em cheque. Os relacionamentos não virtuais são tão circunstanciais quanto os da internet, uma subjetividade estranha emerge. O que permanece é a tendência frágil de narrar para poder reter qualquer coisa, um sentimento que seja, uma história ao menos. Se imagens estáticas não significam nada até que ganham vida através de uma narração, de um pequeno conto em que as pessoas nas fotos são como personagem de uma fotonovela que trazem de volta o sabor de relações em que os sentimentos são vividos ( e por que não dramatizados, e por que não cheios de clichês) e não castrados. Que assim seja a arte contemporânea e que pelo menos o cinema nos dê isso de presente.
E que o ano novo seja como esse filme.
Por Michelle Robert às 01:09 2 tratados
Havia muito que se habituara. Como as teias que não assustam mais quando nos deparamos com elas atrás dos móveis. Se havia sentido rítmico naquelas vidas, faltaram em não lhe dizer…já havia passado anos desde dia em que encontrara a primeira teia atrás de um móvel velho….e dali em diante não mais sentira repulsa, tampouco surpresa; as teias iam se acoplando enquanto tentava envelhecer sem se perturbar; envelhecer sem que pendesse para uma loucura miserável, pois era assim que todos esperavam. Que ficassem as teias. Que o costume do tecido permanecesse. Roto.
Mas não havia muito a fazer. Mesmo se houvesse um outro destino mais nobre do que esperar à porta. Se advogasse causas que salvassem a dignidade dos outros e que engrandecessem decerto sua vaidade (e qual outro motivo haveria senão a própria vaidade), ainda assim não deixaria de usar o costume roto e ainda vestiria uma máscara. Esperaria à porta aquele dia. Passaria lenta pelo corredor até alcançar o corrimão da escada, não sorriria; era algo que o tempo fazia dispensar. Como uma vantagem. Falaria calmamente o que havia feito, tentaria não pensar na inutilidade do gesto de carinho, tentaria não pensar na imposição daquela figura à sua volta, ali ao seu lado, tentando substituir-lhe a vontade, dividí-la na sua atenção até que se encerrasse na calmaria da tv. Era hora do café. Lembrava-se de ter sempre pouco pó, pois é sempre necessário ter um alíbi apropriado para sair à rua àquela hora. Precisava de uma seqüência astuta de gestos: a concentração dele, o balançar de cabeça concordando com seu motivo para sair sem tirar os olhos da plácida tv.
Abria a porta que dava para a escada.
Por Michelle Robert às 00:57 0 tratados
3 de dezembro de 2006
Tindersticks.
Li esse artigo aqui do Luciano Viana e fiquei pensando, é realmente por isso? Será que as pessoas realmente procuram músicas para se deprimir ou a própria tristeza pode ser diversão? Claro que o tom da nota feita por ele em ocasião da saída de "Waiting for the Moon" (2003) não vinha para refletir sobre nada. Para resumir tudo, é bom criar o estreótipo e assim se tem uma pauta cumprida com sucesso. Eu só acho que é uma banda difícil de pensar a partir de padrões "há hits-bom!", "não há hits-pois é diferente do albúm anterior-fraco", coisas que não se aplicam aqui.
Foi uma das primeiras experiências com música que me fez entender o processo de composição de uma banda, pois eles são honestos, extrovertem as intenções sonoras (mesmo que não entenda nada de técnica musical), explanam sem receio que a maneira como compõem é lírica, subjetiva; passei a semana pensando e ouvindo Tindersticks em um desses momentos que você está no processo de defesa "paralisar & fingir de morto" e eis que
"Let’s take a ride, say goodbye to the city
I’ve been here so long – I can’t see it anymore
I’ve been here so long – I can’t feel it anymore
So get in the car, babe – you know that it’s alright
Get in the car, babe – we’re gonna see ourselves tonight
When we’re on the outside – it’s so hard
There’s never an easy way – there’s nothing in this world
When we were on the outside we had something going on,
Something beautiful, something that they can’t spoil."
Tocou. Compreendeu?
Por Michelle Robert às 12:20 2 tratados
23 de novembro de 2006
Pausa no Silêncio
Drunk Tank
How are you doing tonight?
Pull the blankets tight
The drunks shout outside your window
Light scrapes across your wall
Think of me
It never goes away
Think of me, I know
It never goes away
How are you doing tonight?
I don’t wanna fight
Just walked these miles
To be passing by
Just to say
That I’m okay
For you to see the state of me
I know I said
We’d better get home to bed
And I was the one
I always stayed out so late
Always forgiving
My inconsideration
It’s a different story
When you can never go home again
I’m home, home again
My hands came back today
Finally set themselves free
No more fists on the end of my arms
Just these hands, trembling
Think of me
It never goes away
Think of me
The way I used to be
I know I said
We’d better get home to bed
And I was the one
I always stayed out so late
Always forgiving
My inconsideration
It’s a different story
When you can never go home again
I’m home, home again
Por Michelle Robert às 22:23 0 tratados
15 de outubro de 2006
Existencialismo, de novo!??
"you are the only person who's completely certain there's nothing here to be into
that is all that you can do
you are a past sinner, the last winner and everything we've come to
makes you you
But you cannot safely say while I will be away you will not consider sadly
how you helped me to stray
you will not reach me I am resenting a position that's past resentment now I can consider now there is this distance so "
Acordei com essa música na cabeça hoje. Finalmente silêncio pelas ruas, aquietação de ressaca, enfim parece que os romeiros se cansaram de cantar "lírio mimoso".
Outra coisa que me lembrei hoje foi do filme"Alta Fidelidade". Especificamente do personagem, o carinha confuso, aquele que tem 10 dedos e que pegar 20 coisas com as mãos e acaba ficando sem nada. Lembrei por recorrência, através do livro "Idade da razão" do Sartre. Claro que guardando os devidos tons, o herói hesitante de Hornby é muito mais leve, representa uma faceta mais divertida dessas incursões existenciais frustrantes e frustradas. O personagem que me remeteu a Hornby foi Mathieu da trilogia "Caminhos da Liberdade" (hoje em dia um título bem desgastado, podendo até ser considerado cafona), aquele que se vê tarde demais apaixonado , tão tarde a ponto de simplesmente ter sua escolha abolida pela indiferença do outro. E na trilogia, todas as situações que Mathieu se envolve expõe sua covardia diante de suas escolhas. É sempre muito tarde para se fazer algo. É o protótipo do personagem triste, aquele que paira em todas as situações, pois sempre teme sujar-se nelas.
No cinema o caráter desse tipo de personagem foi bastante explorado, talvez pelo fato de que em imagens torna-se mais forte, mais atual, encarregá-las tanto do drama quanto do patético de uma certa crise de virilidade, de confusão de masculinidade, de papéis a se representar, por exemplo aquele do homem incompreendido e inseguro que tenta recuperar o amor perdido no passado, "a garota dos sonhos", a garota perdida... de verdade, isso me diverte quando leio, quando vejo também, mas calculo que seja um formato desgastado; tudo parece sempre estar em "crise pós-moderna", tanto que parece bem mais interessante ver alguém criando galinhas e dando conta da horta do que repisar no comezinho da "crise".
Mas sendo uma desculpa para se escutar um bom som é até passável, me entedia o mais do mesmo, o mais do mesmo, o mais do mesmo....
Por Michelle Robert às 15:38 0 tratados
12 de outubro de 2006
Plano Imperfeito
O que me irrita logo de saída é quando o diretor não tem mão e entrega todo o roteiro de bandeja na segunda cena, enfim, talvez pense que é preciso desenhar para o expectado,r dada a complexidade do filmes. Cito uma cena: no quarto de hotel onde há o já habitual confronto entre mascarados de um grupo com o outro que está fazendo a trucagem: ninguém se entende todo mundo fala ao mesmo tempo, carregam calibres pesadíssimos, mandam todo mundo se fuder gritando, outros pedem "calminha nessa hora", até que em uma super reviravolta o bando surpreendido ganha uma vantagem e mata o bando intrometido. O loirinho personagem principal remexe os bolsos dos encapuzados, e chocado e nervosinho, percebe que eram todos policiais; entre pragas e palavrões eles saem dizendo que fizeram uma merda e que "odeiam policiais corruptos"; a carinha azeda do loirinho já diz tudo, ele é do meio.
Encarregado de dar um sumiço nas armas do crime utilizados no "serviço", o loirinho chega em casa, dá uma pegada na mulher, manda o filho que brncava com o amigo (aonde, aonde?) jantar, segue para seu esconderijo no porão (aonde quem brincava?) e guarda as armas no seu esconderijo super-secreto.Lógico que os garotos vêem tudo e vão dar uma conferida e Oleg o menino asmático, abusado pelo padrasto "que nunca sorri", aproveita a oportunidade pra tentar salvar o filme roubando a arma do pai do amiguinho. Aí é só seguir o ratros da bala. O menino atira no padrasto, o loirinho fica desesperado, já que a sua cabeça vai a prêmio, e aí as coisa precisam de soluçõezinhas emergenciais. Conflitos com os "Ruskys" sujos, fixação pelo John Wayne, espacamento de mulher e até um casal que abusa de crianças entra na história para dar mais emoção; claro, não esquecendo da típica figura do cafetão que compra a arma e espanca suas donzelas.
Outro confronto e o loirinho super-esperto conta uma historinha bonita para todos aqueles que o queriam pegar, aí um grupo se volta contra o outro e ele pega um super tiro. Mesmo assim ele dá um jeitinho de chegar em casa com Oleg são e salvo depois de ter escapado de um casal de tarados, um cafetão, ter apontado arma para meia dúzia de pessoa no filme e ter saído incólume até do das mãos do pai psicótico, enfim um herói. Temos nesse instante uma síncope, rufam os tambores, e todos ficam em suspense para saber se o loirinho morreu com a bala ou não.
As próximas cenas são honrarias de um enterro de quem prestou serviços ao governo, com bandeira dobradinha e tudo, e a mulher do loirinho e "filhos" presentes (sim, Oleg é adotado e passa a viver com o melhor amigo). Aí descobre-se que na realidade o loirinho super-esperto era um agente infiltrado. Corta para outra cena e vê-se um carro chegando através de uma estrada poeirenta e a a mulher do loirinho dizendo que jamais o enterraria de novo. Parece que foram felizes para sempre. O nome do diretor, roteirista, produtor? Wayne Kramer memso direto de The Cooler, e o loirinho é astro de "Velozes e Furiosos", Paul Walker. Ai, ai, ai.
Por Michelle Robert às 08:27 0 tratados
farejar Filmes Uó
3 de outubro de 2006
My mind has changed, my bodys frame, but God I like it
Você já escutou rock n' roll sincopado e com contratempo? Talvez, aqui e ali em algumas bandas que vez ou outra saem do lugar comum para tentar fazer algo singular.
Tv on the Radio é uma banda que foi ganhando ritmo devagar através da divulgação em rádios universitárias. Lançou um albúm irretocável chamado "Desperate youth, blood thirsty babes", aglomerando muitas referências sonoras, do r & b passando pelo rock n' roll e indo a caminho do pós-rock e agora lança "Return to cookie mountain". Eis uma da músicas mais belas do albúm, conteúdo sonoro, letra crua de quem já colocou os dedos na sujeira sem medo um dia:
Wolf Like Me
(...)
Charge me your day rate
ill turn you out in kind
when the moon is round and full
gonna teach you tricks that'll blow your mind
mongrel mind
baby doll i recognize
you're a hideous thing inside
if ever there were a lucky kind it's
you you you you
I know its strange another way to get to know you
you'll never know unless we go so let me show you
i know its strange another way to get to know you
we've got till noon here comes the moon
so let it show you
show you now
Dream me oh dreamer
down to the floor
open my hands and let them
weave onto yours
Feel me, completer
down to my core
open my heart and let it
bleed onto yours
Feeding on fever
down all fours
show you what all that
howl is for
Hey hey my playmate
let me lay waste to thee
burned down their hanging trees
it's hot here hot here hot here hot here
Got a curse we cannot lift
shines when the sunshine shifts
there's a curse comes with a kiss
the bite that binds the gift that gives
now that we got gone for good
writhing under your riding hood
tell your gra'ma and your mama too
it's true
we're howling forever
Por Michelle Robert às 18:50 0 tratados
farejar Fina Flor
19 de setembro de 2006
Plano Perfeito
Existem certas coisas que não modificam muito com o tempo. No meu caso, trata-se apenas de uma inofensiva mania, como fazer um pequeno festival pessoal de filmes, a escolha de ser anual é aleatória não tem sentido cabalístico e etc.
Há algum tempo, meses, digo, queria ver o "Plano Perfeito" do Spike Lee. Coincidiu com uma revisão de filmes dele, "Clockers", "Febre da Selva", "Faça a coisa certa", etc. E nessa retrospctiva de seus me vem a sensação de que Spike lee faz filmes como quem compõe uma peça de jazz. Simplesmente qualquer tipo de improviso pode acontecer, assim como o improviso de repente transforma-se em uma composição melódica dinâmica, de estrutura aberta em que se misturam a comédia, o drama, a investigação, a inteligência a contra-inteligência. Diálogo de sons e de imagens em ritmo, cadências crescentes-decrescentes, passo, contrapasso. O constructo dos seus personagens parecendo a surdina do saxofone soando. Nada é previsível em seu compósito, no lugar de onde soam as suas notas, Nova York, uma cidade que excluiu do seu dicionário a palavra imprevisto e se armou de toda a tecnologia capaz para expurgar o improviso, como por exemplo, um assalto a um renomado banco. É um insulto.
Spike Lee colocou seu dedo na ferida, jogou com classe seu avião nas torres gêmeas. Ora, em segundos o local do assalto está cercado da mais alta tecnologia disponível; todas as inteligências policiais são acionadas; tecnologia de ponta comprada no site da amazon.com, como diz a policial para Denzel Washington, "um gravador digital, pode gravar até 30 minutos de conversa...compra-se na Amazon, nem é tão caro".
Mesmo com dois filmes sobre o 11 de setembro em vias de estrear, considero o filme de Spike lee, como o que melhor fala sobre o 11 de setembro sem ao menos mencionar o evento. Caso alguém insista, poderíamos dizer que há alusões. Esparsas.
E em que lugar está exatamente a menção a 11 de setembro? Em nenhum lugar. Em todo lugar. Na tecnologia comprada em mercados livres de internet, na simulação de uma ação de segurança efetiva, competente...assalta-se um banco com armas de brinquedo nem é necessário sujar as mãos, basta apenas manipular o terror instaurado;pura simulação -"Saírei pela porta da frente!"- diz Clive Owen ao detetive. Para que serve essa tecnologia a serviço da segurança pública se ela não consegue impedir que um dos maiores bancos de Nova York seja invadido, que sejam feitos reféns...e para quê tudo isso se os assaltantes não levam um único níquel? Em primeiro o efeito regozijo da polícia, ou no caso, truque cortina-de-fumaça do diretor: "impedimos um grande roubo, ao invadir o banco com a nosso regimento."
Por que não um assalto de brinquedo, para uma polícia que brinca de "carro-comando"?
Alguém já percebeu a insistência, às vezes quase irritante do fundo sonoro nos filmes de Spike Lee? E vejam, não é simplesmente uma trilha sonora, é a comprovação de que o improviso pode ser orquestrado em cadência singular nas imagens. Hard bepop.
Por Michelle Robert às 00:01 2 tratados
farejar Fina Flor
27 de agosto de 2006
Melhor tarde...
Poster do Filme de Hark Harvey, Carnival of Souls.*
O último post que fiz data de 05/08/2006. Mais de vinte dias depois, não posso deixar de fazer um adendo ainda sobre o Orkut.
O Inagaki comentou aqui falando sobre a funcionalidade do Orkut naqueles momentos em que precisamos de uma informação amiga sobre aquela banda ou aquele filme, uma discografia completa disponível em uma das muitas comunidades especializadas sobre música (nem sempre boas) no Orkut. Concordo plenamente, e digo ainda, que Orkut para mim sempre teve essa utilidade: saber as últimas novidades daquela banda, aquele Botleg que há muito se desejava ter e somente aquele indivíduo da Noruega possui.
Enfim...não falo nem dos encontros, dos desencontros e dos reencontros que o serviço provoca. Posso dizer que na ausência de todos os meus conhecidos, amigos, companheiros de muitas histórias, quando o trampo aperta e não te permite ser sociável, posso ir até a página da pessoa e matar a saudade.
Uma coisa não consigo me render...os aniversários. Simplesmente não consigo acompanhar a data, sempre perco o negrito que indica o aniversariante do dia e se tivesse um sino que soasse avisando toda vez que entrássemos no orkut sobre os aniversários, eu simplesmente não ouviria. Existe um certo grau de distração envolvido.
Agora se o Orkut é ainda um troço interessante tirando essas funções, aí já tenho as minhas dúvidas. A ferramenta de indentificação de pessoas que entraram na página, permite um certo controle de fuçagem, mas não implica, sabendo que se pode desabilitar a opção de identificação e navegar incógnito e belo pelo orkut, em controle de alguma coisa ou melhora nos perfis, quanto aquela questãozinha do acreditar demasiado em si próprio (é porque entendi rápido que ali não era lugar para se colocar informações verdadeiras, era lugar para você vestir a fantasia de interessante e pisar no acelerador, por isso que sou "Napoleão" no orkut.) Acompanho o sentido de carnavalização que para mim era a essência do serviço; e é uma pena que hoje as pessoas queiram se descrever seriamente em seus perfis, como se estivessem elaborando um currículo. O que eu quero é diversão, são tiradas interessantes, personalização de humor e nada mais.
* Esse filme de 1962 de Hark Harvey possui um roteiro bem interessante. A personagem principal, após sofrer um acidente de carro, passa a ter alucinações e questionar se realmente está viva ou morta. Brincadeira legal, lembrando um pouco um dos motes principais do filme "os Outros", de Aménabar.
Por Michelle Robert às 10:04 4 tratados
farejar Sugesta
5 de agosto de 2006
Orkut é coisa da freguesia do ó
Esse orkut que já me rendeu em outros tempos boas gargalhadas, agora só me faz bocejar...ô coisa chata, tornou-se simplesmente um desfile vazio. Cadê o povo que acredita em si de verdade pra gente rir com gosto? Agora só restaram os óbvios! E as comunidades? deus, que tédio!
Por Michelle Robert às 19:50 1 tratados
4 de agosto de 2006
Ideologias Infames
Ou os vários demônios que se apossam do homem, em breve. Os mais espertos já devem saber a quem me refiro: Dostoiévski.
Por Michelle Robert às 20:43 0 tratados
farejar Don't take Drugs, son
Óperas.
Nunca gostei de óperas, exceto uma "Carmen", por motivos óbvios. Quando assisti "match point" de Woody Allen, imediantaente me veio o anseio de ter a trilha...não era apenas as obras em si, existe uma particularidade maravilhosa, além de ter Enrico Caruzo cantando várias árias, as faixas foram gravadas de Lp's e conservam aquele chiado inconfundível, criando uma ambientação perfeita para a trama. Meu crime e meu castigo de férias.
Por Michelle Robert às 20:38 2 tratados
Anime, Mangás, jogos...
De repente você acorda com vontade de assistir Evangelion. De repente você acorda com ânsia de ver a última aventura do Cowbói Bepop...e você simplesmente quer passar a tarde jogando "The sims"...do outro lado do quarto está um livro de 600 pp. para ler; o desejo desaparece como por encanto.
Por Michelle Robert às 20:35 0 tratados
Tranquilidade na cidade
Sai de casa, bermudão e cabelo pigando recém-lavado, tira a beata da caixinha de fósforo, acende puxa fundo no sol de meio-dia; existe um PM do outro lado da rua que assiste com parcimônia. Ela continua devagar e soltando uma baforada, o cheiro de mato molhado invade as minhas narinas. Minha vizinha, mostrando que campanha de legalização das drogas é uma balela, já que estamos em Amsterdã.
Por Michelle Robert às 20:25 0 tratados